PORTAS ABERTAS

 

Fé. Religião. Moralidade.
O pastor Oselias tinha convicções claras.
–Casamento gay? Coisa de Satanás.
No templo, ele dava seu recado.
–Exorcismo toda quarta. Horário comercial.
Fechou os olhos.
–Que o demônio se afaste.
Ao final do culto, uma visita.
Era a Polícia Federal.
O investigador Carlos Hélio mostrou no laptop as filmagens comprometedoras.
Oselias aparecia enfiando dólares na própria sunga.
–Gen
te, que loucuraaah.
Era uma dança erótica numa boate masculina.
Dinheiro proveniente das contribuições do Vadão.
Poderoso chefe do tráfico em Ponta Grossa.
Oselias explica tudo.
–Foi possessão. Satanás entrou dentro de mim. Mas passou. Pode confiar.
O capeta, por vezes, é como a Polícia Federal.
Faz suas visitas quando menos se espera.

 

Tavius Maximus