O Celular da Fantasia

O Celular  da Fantasia

 

Ouvi a voz atrás de mim. Alguém falando sozinho. Antigamente, só louco. Hoje, não. Hoje as pessoas falam sozinhas no telefone celular. Virei-me, displicente. Era um mendigo. Mas, que estranho, tinha alguma coisa na mão – e parecia um celular! Não pode ser, pensei. Cheguei mais perto. E ri. Não havia celular algum. Ele falava sozinho, segurando um telefone imaginário. Seu celular de fantasia. Parecia com isso querer equiparar sua loucura à loucura da gente comum. Isso o fazia, quem sabe, sentir-se um igual.