O RIO DE BRIZOLA

15/12/2012 18:23

 

Adriano Pilatti

 

Ao iniciar, na “trincheira carioca”, esta grata colaboração com a bela iniciativa do Gazeta Popular em prol do esclarecimento geral nos Campos Gerais, escolho um tema de frequentes perguntas sobre o Rio: o governador Leonel Brizola foi mesmo “responsável” pela tomada dos morros pelos traficantes? São efeitos de criminosa manipulação que durou anos, por parte do então “capo” da comunicação, inimigo supremo do saudoso governador.

A resposta inequívoca é: não. A explosão da violência e o controle das favelas pelo tráfico no Rio datam do final dos anos 70. O Rio e o Brasil viviam sob a ditadura, que controlava toda a área de segurança, e Brizola vivia no exílio. 

Cheguei ao Rio em 1981 e a coisa já era terrível; Brizola só tomou posse em 1983. O quadro era o de hoje, menos as armas pesadas, que chegaram em 1989-90, quando Brizola já não era governador e houve uma avalanche na oferta internacional de trabucos (v. o filme O Senhor das Armas).

A “culpa” de Brizola foi proibir que a polícia subisse o morro atirando, pra não atingir trabalhadores, donas de casa e crianças inocentes; foi proibir que a polícia invadisse barracos sem mandado nem flagrante, com um pé na porta, e humilhasse as famílias; foi proibir – crime supremo – o uso de delegacias como pasto da imprensa sensacionalista, e afrontar interesses dos difamantes em áreas como carnaval.

O “crime” de Brizola foi fazer mais de duzentas escolas de tempo integral para mil crianças pobres cada, com excelente ensino, três refeições e banho diários (dez moravam na escola, mais de duas mil crianças sem lar acolhidas); foi construir o Sambódromo pelo custo de um aluguel de arquibancada móvel; foi impedir que o Copacabana Palace, o casario antigo da Rua da Carioca e da Lapa virassem torres e garagens; foi aumentar em 50% o fornecimento de água. Foi ter amado o “povão” e as crianças, e governado para eles. Em certos ambientes nada disso se perdoa, nem aqui nem aí... Boa semana!